Desde 2008 o Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos. Em nome da produtividade esses venenos são permitidos pondo à mesa a saúde ambiental e humana.
Os agrotóxicos são utilizados em maior quantidade quando se cultivam variedades de plantas que não são adaptadas ao clima, solo e outras condições locais, ou em monoculturas. Em contrapartida, a agroecologia, um meio ecologicamente correto e viável de se manejar e cultivar, apresenta técnicas e propostas de produção de alimentos que visam romper a visão atual que se tem na agricultura brasileira, onde se acredita que a produção em grande escala só se torna possível com o uso excessivo de agrotóxicos.
O uso dos defensivos agrícolas, ou agrotóxicos, promete saúde mas apresenta riscos aos que consomem e aos trabalhadores que os manipulam. Hoje (2014) o Brasil possui e opera mais de 400 tipos de agrotóxicos registrados entre inseticidas, fungicidas e herbicidas. As consequências desse modelo de produção são sérias, o uso desses agrotóxicos não contaminam apenas o solo, a água e o ar, contaminam também os seres humanos.
Uma pesquisa feita pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) em parceria com a Fiocruz em Lucas do Rio Verde, apontou que em 62 amostras coletadas de leite materno constatou-se a presença de ao menos um tipoagrotóxico. Em 85% dos casos foi encontrado traços de dois ou mais tipos de defensivos no leite materno. Os vestígios encontrados em 100% das amostras são de um defensivo chamado de DDE - um metabólico do DDT que foi proibido pelo governo federal em 1998 por causar males a saúde.
O consumo prolongado de alimentos contaminados por agrotóxicos, ao longo de 20 anos, pode provocar doenças como o câncer, distúrbios endócrinos, neurológicos e mentais e malformação congênita em fetos.
A ABRASCO, Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva lançou o dossiê “Um Alerta sobre os impactos dos Agrotóxicos na Saúde” que visa alertar, por meio de evidências científicas, as autoridades públicas nacionais, internacionais e a população, sobre a preocupação de pesquisadores, professores e profissionais a respeito do crescente uso dos agrotóxicos no país, a contaminação do ambiente e das pessoas, resultantes deste uso e seus severos impactos sobre a saúde pública, a fim de que sejam construídas políticas públicas que visem proteger e promover a saúde e os ecossistemas impactados pelos agrotóxicos.
Diante deste cenário de crescimento vertiginoso do uso de agrotóxicos, mais de 50 entidades nacionais se juntaram desde 2012 na Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida onde exigem o aumento na rigidez das fiscalizações, proíbam o uso de produtos químicos já banidos em outros países e rotulem os produtos alimentícios com informações sobre os agrotóxicos utilizados.
Atualmente fugir desses agrotóxicos é quase impossível - vivemos na época em que “bruxas” não envenenam apenas as maçãs para darem às princesas. Por isso é preciso redobrar os cuidados e tentar diminuir os riscos aos quais somos expostos. Então vale ressaltar a importância de escolher alimentos certificados, cujos produtores se comprometam com boas práticas agrícolas; dar preferência às opções orgânicas e produtos da época; e mesmo que o resultado não seja 100% eficaz em relação aos agrotóxicos, é importante lavar bem os alimentos.
Nota: O título se refere ao documentário dirigido por Silvio Tendler. Veja aqui na íntegra:
Fonte: Greenme, escrito por Gisele Moura (Fonte foto: Stock.Xchng)
SAIBA
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Como reconhecer o produto orgânico no supermercado
Os produtos orgânicos que encontramos nos supermercados devem conter o selo Orgânico Brasil, que é concedido pelo Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica – SISORG –, órgão responsável por credenciar e fiscalizar tais produtos. Já os produtos que são vendidos diretamente do produtor ao consumidor, podem ser cadastrados no site do Ministério da Agricultura. Para saber quais são os produtos cadastrados que são vendidos diretamente ao consumidor, clique aqui. E se você quiser saber onde se encontram as feiras de produtos orgânicos, do tipo venda direta, veja neste link do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – Idec, onde encontrar uma feira perto da sua casa.
Esta informação é gratuita e está disponível para que a imprima, copie ou distribua como desejar, contanto que compartilhe a pesquisadora Glaucia Cerioni ~ glauceri@terra.com.br.
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